quarta-feira, 11 de julho de 2007

No deserto é assim.

Lá fora, o sol implacável
E aqui dentro, tantos temporais.
Tantas águas me encharcando a alma
Cercada dessa pele tão seca.

No deserto é assim:
Chovem os sentimentos das pessoas
Dentro delas mesmas – fora, não.

E eu, na amargura seca dessa terra estrangeira,
Penso nos versos imaginados pelas mudas mulheres das areias
Levados para longe pelos ventos mornos e incômodos.
Tão lindos, os versos perdidos.

No deserto é assim:
A poesia é pensada e esquecida.
Rabiscos sentimentais facilmente ofendem o Corão.

Então trovejo minha voz silenciosamente
E escondo meus relâmpagos no mais escuro de mim.
E torço que não vejam meus clarões indignados
Enquanto sorrio como sorriem aqui.

No deserto é assim.

Um comentário:

Odin Orwell disse...

Sabe... sempre tenho saudades de poder ler seus textos, admirar seu talento. Quando posso lê-los, penso: um dia conseguirei escrever assim.BJos... saudades de ti.